Condições de trabalho precárias, falta de estabilidade e direitos e inexistência de vínculo empregatício são só algumas das dificuldades dos trabalhadores informais.
Segundo o IBGE cerca de 13 milhões de brasileiros estão desempregados atualmente. Em um cenário pessimista para empregos formais os trabalhadores buscam alternativas de trabalho, seja para garantir algum sustento ou para complementar a renda já existente. Nesse contexto surgiu o que chamamos de "uberização do trabalho", um estilo de trabalho informal, flexível e por demanda. Esse nome deriva da empresa "Uber" onde os motoristas possuem autonomia para optar, de acordo com a demanda dos clientes, se aceitam ou não fazer a corrida (ou o trabalho). O modelo de trabalho é vendido como atraente e ideal, pois propaga a possibilidade de se tornar um empreendedor autônomo, com flexibilidade de horário e retorno financeiro imediato. Porém, tem como principal característica, a ausência de qualquer tipo de responsabilidade ou obrigação em relação aos “parceiros cadastrados”, como são chamados os prestadores de serviços, e cruel realidade é que no Brasil, são repassados à plataforma entre 20% e 30% dos valores cobrados aos clientes, de modo que ao motorista não sobra muito, considerando os baixos valores praticados. Associado ao fato de que este tem que arcar com as despesas de celular, internet, combustível, reparos, desgastes do veículo, tributos, seguros além de assumir a responsabilidade por danos causados a terceiros.
Listo aqui algumas matérias que tratam do assunto para um maior aprofundamento:
Quais são as "dores" desse trabalhador?
Para iniciar o processo de projetar identifiquei os principais fatores causadores de insatisfação e desgaste em relação a esse tipo de trabalho, que são:
- Insegurança.
- Jornadas de trabalho exaustivas (dependendo da necessidade financeira do trabalhador).
- Falta de garantias e proteções trabalhistas.
Em que focar?
A partir do entendimento de que neste assunto há questões que estão além das nossas capacidades como designers (como as questões relacionadas à forma de atuação das empresas, questões legais e etc.), decidi dar um enfoque na segurança e bem-estar destes trabalhadores. Para filtrar ainda mais, escolhi especificamente pensar o projeto para os motoboys que trabalham para empresas dessa modalidade como: Ifood, Rappi, Uber Eats, e outras.
O projeto: Capacete Inteligente
Um dos sentidos mais utilizados pelos motoboys é a visão. É necessário estar atento à via durante todo o trajeto para uma viagem segura. Motoboys que trabalham com aplicativo de entrega de comida muitas vezes precisam desviar a atenção da via e olhar para o celular, para checar novos pedidos, ver o GPS, e isso pode ser bastante perigoso.
Minha ideia é que o capacete condense todas essas informações que eles precisam ter acesso, sem que eles tenham que olhar pra qualquer outro lugar que não seja a via.
Para isso, um gadget estará integrado ao capacete, e fará conexão com aparelho celular (por Wi-Fi, LTE ou Bluetooth) para projetar os aplicativos diretamente sobre a visão do usuário. O dispositivo consiste em um "mini projetor" posicionado dentro do capacete à altura dos olhos que projeta as imagens sobre uma pequena tela. O usuário poderá abrir o GPS, para visualizar as rotas bem à frente de seus olhos, além de também poder visualizar o aplicativo de delivery para checar novos pedidos.
Contará ainda com microfone integrado para realizar comandos simples de voz, podendo, eventualmente atender alguma ligação importante.
Uma câmera integrada à parte traseira do capacete e conectada ao mini-projetor dará ao motociclista a possibilidade de "enxergar" sua visão traseira, para assim, conseguir ainda mais autonomia sobre a pista e segurança no trajeto.
É importante ressaltar que algumas dessas tecnologias já são conhecidas, como a câmera traseira em capacetes. E, para o esquema da micro tela, me inspirei na estrutura do Google Glass.